E, à hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá, sabactani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Marcos 15.34
Por Pr. Eliu Ferreira
Qual a maior bênção que Deus tem para cada um de nós? Aquela que ele já nos proporcionou, a saber, a cruz. Deus nos quer aos pés da cruz, pois ali está toda sua expressão de amor e graça pela humanidade criada por Ele mesmo. É na mensagem da cruz, essa mensagem que vai de encontro a qualquer lógica humana, porque no momento que o Cristo crucificado aqueles líderes que tramaram o tempo todo contra a sua vida acreditaram que tinham vencido, porém a cruz representa, não a vitória dos religiosos fanáticos, mas sim a vitória do Filho de Deus, a missão de remissão dos pecados comprida, a volta da humanidade para seu Criador.
I – Porque a citação direta? (v. 34)
Aqueles que estavam próximo da cruz não foram capaz de entender o que Jesus estava clamando, alguns estavam pensando que ele estava chamando por Eli e então zombarem dele. Todavia, Jesus estava citando as escrituras, mais especificamente o salmo 22, esse considerado um poema profético que revela o sofrimento que o Messias iria enfrentar naquele momento de dor tanto física como emocional.
Jesus faz uso de expressão porque, mesmo ali na cruz, ele quer mostrar para aquelas pessoas que ele é Filho de Deus, o Ungido do Senhor, O Salvador de todos. Mas as pessoas, assim mesmo, não foram capazes de compreender. Enquanto Ele estava expressando toda sua dor e sofrimento por causa da gravidade do pecado, as pessoas estavam zombando dele. Faziam isso por não considerarem o pecado como algo gravíssimo, mas simplesmente um “tropeçar” que rapidamente poderia ser equilibrado novamente.
Lucas descreve que o momento da crucificação era tido como um espetáculo. É na frente dessas pessoas que o Cristo está sendo crucificado, pessoas que consideravam a pior forma de morte como sendo um grande show, um grande espetáculo para lhes entreter, pessoas incapazes de compreender a profundidade do sofrimento de um crucificado. Se tratando do Cristo o sofrimento é maior ainda, porque ali está o inocente recebendo sobre si toda ira de Deus.
II – Porque tais palavras?
Jesus se utiliza desse poema profético para expressar o quão horrível é estar separado do Pai. Não podemos jamais minimizar o sofrimento físico que Ele passou desde a sua condenação até a sua crucificação, até mesmo porque a forma do castigo, de fato, foi muito severa. Açoites com pontas para dilacerar a carne do condenado. Todavia, penso que a agonia que ele sentiu algumas horas antes no Getsêmani estava mais ligada a essa separação do Pai, porque Deus sendo totalmente Santo não pode estar ligado com o pecado, e o apóstolo Paulo vai dizer que todos os pecados da humanidade recaíram sobre Jesus naquela cruz o tornando maldito, logo o Pai tinha que se afastar dele.
Todavia Jesus não dá esse grito como uma forma de decepção, porque ele acreditava que Deus iria estar com ele o tempo todo. Como já falamos acima, ele lança esse grito para continuar proclamando que as escrituras falaram dele o tempo todo. Jesus já sabia que a separação iria acontecer.
Aprendemos com tudo isso, que Jesus morreu na cruz do calvário por saber que estar separado do Pai é o maior sofrimento que se pode sentir, Ele sofreu dessa forma por ficar, talvez, alguns minutos separados do Pai, seriamos capazes de imaginarmos a eternidade abandonado por Ele?
Ele foi abandonado pelo mundo que criou;
Ele foi abandonado pela nação que fez surgir;
Ele foi abandonado pela vila em que viveu;
Ele foi abandonado pelos irmãos com quem cresceu;
Ele foi abandonado pelos discípulos que treinou;
Ele foi abandonado pelo Pai com quem tinha tido eterna comunhão;
Ele foi abandonado para que você e eu, por meio da fé nele, nunca fôssemos esquecidos.
(Marvin J. Rosenthal)