“Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará.”
Mateus 6:6
Pr. Saul Ferreira
A prática da oração traz grande paz, conforto e fortalecimento para aqueles que a realizam regularmente. No entanto, muitas pessoas enfrentam desafios ao serem convidadas a orar, como o sentimento de que não sabem orar, enquanto uns consideram suas orações “fracas” outros as consideram “fortes” demais, enquanto outros não sabem o que dizer durante a oração. Neste artigo, vamos explorar esses desafios comuns e descobrir a simplicidade da oração, inspirando-nos no ensino de Jesus sobre o assunto.
Desafios Comuns na Oração
Muitas pessoas enfrentam uma sensação de intimidação ao serem convidadas a orar, tanto em público quanto em momentos íntimos de oração no quarto. Essa pressão, medo e intimidação frequentemente surgem do ambiente ao nosso redor, onde aqueles que habitualmente oram parecem não ter nenhuma dificuldade com as palavras. Ao contrário, são eloquentes, suas expressões são adornadas e tão bem formuladas que causam uma profunda comoção. Isso muitas vezes leva outros a desejarem orar da mesma forma, considerando essa eloquência como um objetivo a ser alcançado. É comum ouvir alguém dizer: ‘Quero orar como fulano, ele ora tão bonito. Não estou aqui para julgar tais forma de oração, se estão certa ou errada, pois esse não é o propósito deste artigo. Meu objetivo é ajudá-lo, seguindo o ensino de Jesus, a iniciar uma vida de oração e, principalmente, a entender a simplicidade da oração.
A Simplicidade da Oração
Apesar dos desafios mencionados, é importante ressaltar que a oração é uma prática simples e acessível a todos. Não é necessário utilizar palavras elaboradas ou ter uma voz poderosa para se comunicar com Deus. Jesus mesmo rejeitou as orações elaboradas dos fariseus, que buscavam impressionar os outros com sua piedade, mas negligenciavam a sinceridade e a humildade de coração (Lucas 18:9-14). Em vez disso, Jesus ensinou seus discípulos a orar com simplicidade e sinceridade.
Ele deu a eles o exemplo de como orar, conhecida como a “Oração do Pai Nosso” (Mateus 6:9-13). Nesta oração, Jesus nos ensina a nos dirigirmos a Deus como nosso Pai amoroso, a buscar Seu reino e Sua vontade, a confiar em Sua provisão diária, a pedir perdão pelos nossos pecados e a buscar libertação do mal. O segredo da oração eficaz está na humildade de coração, que nos leva a reconhecer nossa total dependência de Deus.
Essa lição é exemplificada na parábola proposta por Jesus sobre a oração do Fariseu e do publicano (Lucas 18:9-14). Enquanto o fariseu exaltava a si mesmo diante de Deus, destacando suas próprias virtudes e desprezando os outros, o publicano reconhecia sua condição de pecador e implorava por misericórdia. Jesus conclui dizendo que o publicano, humilde em seu coração, foi justificado diante de Deus, enquanto o fariseu, arrogante em sua autoexaltação, não foi. Isso nos mostra que aqueles que se humilham serão exaltados, enquanto os que se exaltam serão humilhados.
Portanto, observemos e aprendamos com o exemplo de humildade do publicano e busquemos a Deus com sinceridade e simplicidade em nossas orações, reconhecendo nossa necessidade de Sua graça e misericórdia. Utilize-se do seu vocabulário, não tente impressionar a Deus, isto será em vão, apenas vá para o seu “lugar secreto” e lá expresse as verdades que assombram teu coração.
A Oração e o silêncio
O silêncio na oração desempenha um papel crucial e muitas vezes subestimado na vida espiritual. Algumas pessoas se sentem perdidas diante do silêncio na oração, sem saber o que dizer ou como se comunicar com Deus. Porém, o silêncio é uma oportunidade extraordinária de praticar a contemplação.
O silêncio na oração nos convida a deixar, mesmo que por um momento, nossa necessidade de falar. Como afirmou o sábio Salomão, “do muito falar nasce a prosa vã do tolo”. Estamos tão habituados a falar incessantemente que, ao nos depararmos com o silêncio, muitas vezes nos sentimos desmotivados. Acostumados a um feedback rápido do que nos rodeia, queremos nos comunicar da mesma forma com Deus, desprezando o silêncio na oração.
Estamos constantemente imersos no barulho e na agitação do mundo ao nosso redor. Raramente paramos para contemplar a beleza que nos cerca. Quando foi a última vez que você abraçou o silêncio apenas para admirar o pôr do sol, contemplar o sorriso de uma criança ou a beleza das flores e da natureza? Qual foi a última vez que você parou para ouvir as ondas do mar e sentir como elas o conectam a um nível de calmaria? O silêncio é uma parte crucial da oração e não deve ser negligenciado. É no silêncio que você pode discernir Sua orientação, sentir Sua presença e receber Suas instruções para sua vida.
Além disso, o silêncio na oração nos ajuda a cultivar uma postura de reverência e adoração diante de Deus. Ele nos lembra de nossa pequenez e da grandiosidade do Criador. Ao nos aquietarmos diante de Deus em silêncio, reconhecemos Sua soberania e nos rendemos à Sua vontade, permitindo que Ele fale conosco e transforme nossos corações.
Portanto, ao invés de temer o silêncio na oração, devemos abraçá-lo como uma oportunidade de avançar na revelação de quem Deus é e na comunhão com Ele. Que possamos aprender a apreciar a beleza e a profundidade do silêncio na oração, permitindo que ele nos conduza a uma experiência mais rica e significativa da presença de Deus em nossas vidas. Quando não tivermos mais nada para falar, estaremos no ponto alto que nos levará à decisão que definirá nosso “sucesso” na oração.
Conclusão
Não se sinta intimidado pela eloquência ou aparente perfeição das orações de outros. Lembre-se de que Deus valoriza a sinceridade e a humildade do coração. Comece sua jornada de oração com simplicidade, expressando seus pensamentos, sentimentos e necessidades a Ele. Ele está sempre pronto para ouvir e responder de acordo com Sua vontade amorosa e soberana.