Pr. Eliú Ferreira
Quando a “… história do Antigo Testamento encerrou-se, a comunidade hebraica encontrava-se disciplinada, dividida e esperançosa.” [1] A comunidade estava disciplinada, pois havia reconhecido o grave pecado que tinham cometido e que levou Deus a submetê-la a julgamento. Dividida porque como já foi citado acima alguns voltaram para Jerusalém, outros permaneceram na Pérsia e outros se espalharam pelo mundo. A esperança estava no Messias que viria da parte de Deus para realizar a salvação do Seu povo.
Entre Malaquias e Mateus existe uma transposição de mais de quatrocentos anos. Esse período é conhecido como “período interbíblico” ou “período intertestamentário”, às vezes chamados “anos de silêncio”, todavia foram “… tudo, menos silenciosos. Os acontecimentos, os escritos e as forças sociais desses anos moldaram o mundo do NT.” [2] Durante esse tempo os judeus tiveram drásticas mudanças na sua cultura.
David S. Russell diz que: “… O período ‘de Malaquias a Mateus’ por muito tempo tem permanecido vago e desconhecido para muitos leitores da Bíblia. Vários mistérios permanecem, mas nos últimos tempos, muita luz tem sido lançada sobre todo esse período. Os escritos de grande número de eruditos e algumas notáveis descobertas arqueológicas têm fornecido novos e deslumbrantes pontos de vista a respeito do assunto.” [3]
Esse momento da história é marcado pelos quatro grandes períodos que houve durante os quatrocentos anos. Champlin nos fala que o mesmo se divide da seguinte forma: “1. o período persa, 430-322 A.C.; 2. o período grego, 321-167 A.C.; 3. o período da independência, 167-63 A.C.; 4. o período romano, 63 A.C. Até Jesus Cristo.” [4]
O período persa é marcado por cerca de duzentos anos da história. Reis como Artaxerxes I, Xerxes II, Dario II e Artaxexes II, são familiares entre nós, pois os mesmos governaram durante esse momento. Durante o reinado de Dario III é dito que o império persa caiu, cerca de 331 A.C.
Os persas caíram e o poder passou aos gregos. Então começa a história helenista nesse período, quando Alexandre o Grande com um ideal de construir um mundo unificado pela língua e cultura grega impactou o mundo Oriente. “A palavra ‘helenismo’ é comumente usada para descrever a civilização dos três séculos aproximadamente desde o Tempo de Alexandre, o Grande (336-323 a.C) durante os quais a influencia da cultura grega era sentida de Leste a Oeste.” [5]
Quando Alexandre, o Grande morreu também morreu com ele o sonho de um mundo unificado e um governo universal. Logo após a sua morte o seu reino foi dividido entre seus quatro generais. “As duas porções orientais ficaram com generais separados – a Síria ficou com Seleuco, e o Egito, com Ptolomeu. Dessa maneira vieram à existência os ptolomeus (reis gregos do Egito) e os selêucidas (reis gregos da Síria)…” [6] Foi nesse período que se deu a tradução do Antigo Testamento para o grego. Essa tradução é conhecida como Septuaginta, pois foi traduzida por setenta e dois sábios de Alexandria.
A Septuaginta também conhecida como LXX foi “… desenvolvida em Alexandria entre os anos 285-247 a.C. Em Alexandria havia uma biblioteca de 1 milhão de volumes, e nesta cidade havia uma republica judaica muito grande, e o responsável pela biblioteca queria um exemplar da Toráh para a biblioteca…” [7]
Após o período grego temos os Macabeus e a independência. Nesse período é dito que Antíoco Epífanes IV exigia que todos os que eram circuncidados deveriam passar por uma cirurgia para apagar essa marca. Antioco IV subiu ao poder e por força tentou fazer com que os judeus sacrificassem “porcos” (animal impuro segundo aquela cultura) no altar do templo. Se negando a fazer isto o sacerdote Matatias e seus cinco filhos se rebelaram contra o governo de Antioco IV. E essa ficou conhecida como: A Revolta dos Macabeus. Guerra civil que durou aproximadamente 4 anos. Antioco IV subiu ao poder c.168 e a revolta explodiu c.164 onde os judeus venceram.
Russell nos diz que “… No dia 25 de casleu (dezembro), 165 a.C., no mesmo dia em que o templo havia sido profanado três anos antes (…) eles o purificaram e o rededicaram, sob a liderança de Judas, e a adoração foi restabelecida…” [8] Champlin fala que “… esse acontecimento passou a ser comemorado pela festa da Dedicação. Um período de cem anos de independência seguiu-se a partir daí. Porém, essa liberdade terminou em 63 A.C., quando os romanos conquistaram a Palestina.” [9]
Após esse período de independência os romanos aparecem em cena, e comandados por Pompeu, conquistaram a Palestina. “A constante agitação levou os romanos a nomearem Herodes como o rei da Judéia. Era um idumeu de nascimento, mas também um judeu prosélito. Reinou de 37 a.C. até sua morte, em 4 d.C.” [10] Herodes era obediente a Roma e governou com eficácia.
Antípatre era o nome de Herodes, e com ele “… começou o governo dos Herodes, tão bem conhecidos nos evangelhos (…) Muitos consideravam a sucessão dos Herodes como o <<Messias>>. No tempo do governo de Herodes o Grande é que nasceu Jesus. Foi no tempo do governo do tetrarca Herodes (também chamado Ântipas, um dos filhos mais novos de Herodes o Grande, Luc. 3:19) que Jesus morreu e ressuscitou.” É dito que Herodes o Grande, às veze, agia como louco, pois era imbuído de sentimentos de egoísmo, ciúme e desconfiança, chegando ao ponto de até mesmo assassinar alguns dos seus próprios filhos.
Portanto, quando “… a história do Novo Testamento se inicia, os judeus estão submetidos a uma potência estrangeira. Governados por um personagem capaz, porém tirânico, esperavam por uma salvação que ainda não havia chegado.” [11]
[1] Bíblia de Estudo de Genebra. p.1094
[2] Bíblia de Estudo NVI. p.1602
[3] RUSSELL, David S. Entre o Antigo e o Novo Testamento. p.7
[4] CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Volume 5. p.226
[5] RUSSELL, David S. Entre o Antigo e o Novo Testamento. p.11
[6] CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Volume 5. p.226
[7] DOMBELE, David. Apostila de Teologia Contemporânea. Dia 23/08/2011. p.5
[8] RUSSELL, David S. Entre o Antigo e o Novo Testamento. p.27
[9] CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Volume 5. p.226
[10] Bíblia de Estudo de Genebra. p.1095
[11] IDEM.