Lucas 18:1-8
Pr. Eliú Ferreira
Parábola é um meio instrutivo educacional, onde é retirada uma história hipotética ou verdadeira do cotidiano, do dia a dia das pessoas, daquilo que era comum para elas e a partir daí fazia-se uma aplicação visando ensinar como lidar com as adversidades da vida. Nas parábolas do Cristo existem tanto os conceitos morais e éticos da naturalidade como também da sobrenaturalidade, isto é, existem revelações riquíssimas de Deus para o seu povo, é por isso que algumas dessas parábolas os discípulos não entendiam e sempre recorriam ao mestre buscando a revelação. E não é diferente nesse texto que lemos, aqui encontramos tanto princípios naturais como sobrenaturais, os quais estudaremos a partir de agora.
I – O juiz como figura destruidora
Jesus nos apresenta rapidamente os personagens da história, um juiz e uma viúva. O juiz é colocado como o alvo da parábola, porque ele que aparecerá no final como meio de comparação entre a sua atitude e a de Deus. Ele (o juiz) é designado pelo Cristo como alguém venal, ou seja, aquele que se vende, que se corrompe por causa de dinheiro. Ele não teme a Deus e nem aos homens, é uma figura totalmente deplorável.
Jesus começa nos chamando a atenção para uma questão completamente desfavorável. Pois a figura desse juiz demonstra a princípio alguém que tem como objetivo único prejudicar essa viúva sem se quer dedicar um pingo de atenção as suas aflições. Às vezes nós estamos vivendo situações semelhantes, isto é, parece que tudo está corroborando para a nossa destruição e por mais que clamamos, parece que nossos gritos de socorro e justiça ecoam num imensurável vazio de negritude, frieza e solidão. E a nossa tendência nessa situação é parar e aceitar essa solidão ilusória.
II – A Viúva como figura de perseverança
Mas Jesus continua dizendo que existia uma viúva que ia todos os dias diante do juiz requerer justiça. Visto que ela vai direto ao juiz e não passa por um tribunal, acredita-se que a queixa dela era na área financeira (as viúvas e os órfãos são representações das pessoas indefesas e carecidas de ajuda). Todavia o que nos interessa, de fato, é retirar o ensinamento que o Cristo quer nos passar e o mesmo é: por mais que a situação apareça para você como impossível, permaneça clamando, permaneça buscando, porque a qualquer momento você obterá sucesso.
Ela não pediu para o juiz matar seu adversário ou prendê-lo, nem mesmo para fazer algum tipo de mal para ele, ela apenas queria que a justiça fosse cumprida. Por mais que parecesse que os seus clamores estavam sendo em vão, por mais que parecesse que ela estivesse gritando no imensurável vazio de negritude, frieza e solidão, alguma coisa estava acontecendo com aquele que a ouvia clamar.
O clamor da viúva começou a incomodar esse homem deplorável, ao ponto dele não suportar mais, pois o clamor dela estava-o aborrecendo de uma maneira que parecia que estava sendo esbofeteado, pois quando lemos no texto “não volte a me importunar” a palavra grega “hipopiadze” traz uma idéia como que as queixas insistentes dessa viúva estivessem o machucando. Então ele não suportou mais e declarou que faria justiça para ela.
III – Deus como Realidade do Socorro
Dessa forma Jesus traz a conclusão da parábola dizendo a quem devemos clamar constantemente. Ao contrário do juiz ou da situação deplorável que enfrentamos, Deus é o Deus/Pai. Aquele que cuida, que se preocupa, que faz justiça porque é Justo. Ao contrário do juiz iníquo, Deus é o justo juiz de amor que não se corrompe que não pode ser comprado ou persuadido, Ele é aquele que ouve nosso clamor dia e noite e que a qualquer momento entrará com providência em nosso favor.
Quando Jesus faz a pergunta: encontrará fé na terra? Está bem claro que ele está nos convidando a praticar a nossa fé, isto é, ter em Deus nossa esperança, ser capaz de entender que mesmo que pareça estarmos no vazio sozinho, na verdade não estamos porque Ele está conosco nos ouvindo e não nos deixará esperando um tempo que não possamos suportar.